Entrevista com Nicole Chaves

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NICOLE CHAVES, Administradora por formação, especialista em consultoria organizacional e gerenciamento de projetos e processos. Entretanto, sua grande paixão é a escrita. Sempre foi apaixonada por histórias, independente da forma como são contadas (Livros, filmes, séries, etc). Começou a publicar seus livros na Amazon em 2016 utilizando a sua metodologia de escrita, The 29 Chapters. Em 2017, o The 29 Chapters se transformou em uma empresa com o objetivo de fornecer soluções em escrita, como Marketing de Conteúdo, Storytelling, Consultoria de Escrita, Cursos, Palestras e Ghostwriting.


E-mail: contato@chavesnicole.com





Todo autor tem um início no mercado literário e tem experiências positivas ou negativas quanto ao começo de sua carreira literária. Quando foi que você iniciou como escritora e como foi a receptividade dos leitores nacionais em relação às suas obras?


Eu ainda estou na fase de experiência (risos). Porém, o que posso ver é que ainda é complicado para autores nacionais. Além do amplo espaço de livros internacionais, especialmente originado de países com idioma em inglês, a literatura nacional nunca foi considerada atraente para a maioria dos leitores. Contudo, percebo que está acontecendo uma mudança positiva – especialmente para o gênero de romance/erótico.


É crescente o número de leitores que entram em contato com algum livro nacional. Seja por meio de mídias sociais e blogs, como o seu, que ajudam a espalhar a novidade: “Olha, gente, tem autor bom aqui dentro do país, que tal dar uma chance?”


Além disso, o fenômeno do Wattpad ajudou e continua auxiliando iniciantes a construir uma boa fanbase. Inclusive, meus primeiros fãs consegui por lá. Então, por mais que a fama do autor nacional não seja forte o suficiente, tenho esperança de um futuro promissor. Fico feliz só de ver que a cada dia mais temos novo leitores que estão descobrindo o fantástico mundo dos livros. Isso me deixa muito feliz, independentemente de ser minha história ou não.




 Você tem um método muito interessante, The Chapters 29, que consiste em você escrever todos os seus livros em 29 capítulos. Por que você criou essa estratégia para escrever seus livros? 




Porque eu não tinha ideia de como escrever um livro! (risos) Desde criança tenho ideias para livros, filmes e séries e nunca começava a escrever por não saber como fazer. Não te ensinam na escola a arte da escrita criativa, apenas a redação formal para você passar no vestibular. O que é uma pena, pois o mercado está precisando de pessoas criativas para os desafios complexos das empresas e a escrita criativa é uma ferramenta excelente para desenvolver essa capacidade de pensar além do óbvio.


Enfim, voltando para a questão da metodologia, eu já tinha tentado escrever antes um livro e fiquei frustrada por não saber como fazer. Quantas páginas? Quantos capítulos? Como dividir a história de uma forma que o leitor termine um capítulo e queira continuar? Isto são coisas básicas que todo escritor precisa saber. Na época, eu não sabia que existia livros e mais livros explicando essas técnicas.


Então, quando a ideia da Notas de Violet surgiu na minha mente, pois foi inspirada pelo álbum da banda The Civil Wars, eu tinha que criar meu método. Eu acordava e ia dormir pensando nos personagens e como contar a história deles. Ou escrevia o livro ou iria ficar louca! (risos) Assim, fui escrevendo ação por ação do livro, que passou a serem capítulos e quando percebi eram 29 ao total, sendo o primeiro o prólogo e o último o epílogo.


Com a estrutura criada, todas as minhas outras histórias foram mais simples de planejarem. Se você tem um planejamento da sua história, fica mais fácil escrever e você consegue visualizar os detalhes que precisa encaixar em cada capítulo para que a história funcione. Talvez um dia eu saia dessa estrutura, nunca se sabe. Porém, escrever em 29 capítulos até hoje se encaixou perfeitamente no meu estilo de escrita.



Qual é a parte mais difícil em escrever um livro em 29 capítulos, e não mais que isso? 


Eu não consigo escrever um conto! (risos) Nunca tentei na verdade, mas espero um dia testar os variados formatos de escrita. Gosto de desafios, então em algum momento escrever em 29 capítulos não se encaixará no que preciso da história. Porém, isto é algo para um futuro que está distante.


Por agora, meu maior desafio muitas vezes é manter o equilíbrio de um capítulo para outro. Por exemplo, as vezes tem um capítulo que pode parecer sem muita ação, mas ele é necessário para que o leitor se situe em como está a mente do personagem. Cada capítulo deve ter algo que atrai o leitor ou ele irá simplesmente fazer outra coisa.


Outra dificuldade, que estou tentando superar com meus novos livros, é criar capítulos maiores. Só que se você aumenta um, tem que aumentar todos. Sincronia é essencial ou o leitor irá sentir que algo está estranho. Mas como fazer capítulos grandes sem parecer enfadonhos? Bom, meu novo livro, A Trilha Sonora da Minha Vida, que será lançado dia 29/10/2017 para celebrar dois anos do The 29 Chapters, terá capítulos maiores. Aguardar o feedback dos leitores para ver se funcionou! (risos)




Quais foram as suas duas primeiras obras lançadas?  E do que elas tratam? 


O primeiro livro que escrevi foi Notas de Violet. A história é sobre uma aspirante a escritora que é salva de um assalto por um morador de rua e decide ajudá-lo a reencontrar a família dele. Porém, só lancei ano passado (2016), sendo o meu terceiro ebook publicado pela Amazon.


Meus dois primeiros livros publicados foram criados ao acaso e acabaram dando muito certo. O primeiro, Sinfonia Agridoce, era para ser uma pequena história para “testar” a audiência no Wattpad. Echo acabou me conquistando de tal maneira que agora meu planejamento é concluir a série no volume 29 – O segundo volume, Ensina-me a Viver, foi publicado esse ano e estou trabalhando agora no terceiro volume. Não posso falar muito desse livro sem dar spoilers, mas basicamente é sobre garota que acorda sem memória, atraída por uma música. O leitor se une a Echo para descobrir o mistério que é sua existência.


O segundo livro foi Caindo Na Real que conta a história de uma garota adolescente homofóbica que precisa lidar com uma mãe doente, um pai que ressurge do nada e uma melhor amiga que é apaixonada por ela. Em meio a tantos problemas, Elisa vai aprender o que significa amar, perdoar e amadurecer. Um livro que era para ser apenas um conto de um concurso literário, mas que ganhou forma e até uma continuação, Amor para Recordar, a pedido dos fãs. Este e todos os meus outros ebooks estão disponíveis na AmazonBR.




 Qual foi seu maior desafio ao escrever " Caindo na Real " ? E por quê? 


Escrever Elisa como religiosa sem definir sua religião. Não queria que os leitores ficassem: “Ela é assim, pois é de tal religião”. O preconceito pode existir em todas as religiões e até mesmo em pessoas que não acreditam em Deus ou na Bíblia. O foco do livro não é discutir se a religião está errada ou não, mas sim como devemos respeitar as pessoas que amamos, independente de como elas são.


E, por fim, escrever Elisa foi um grande desafio para mim. Ela é provavelmente a personagem que menos tem a ver comigo, pois nunca consegui entender a razão das pessoas se sentirem ofendidas pelas diferentes formas de amar. E por ter vários amigos gays, sei como é o sofrimento deles em relação a homofobia. Contudo, foi um desafio incrível como escritora, pois tive que mergulhar na personagem e buscar a melhor forma de mostrar o ponto de vista de Elisa.


Por mais que ela esteja errada em sua postura, não poderia escrever uma protagonista detestável, certo? Até porque é muito interessante a jornada de crescimento dela. Se eu escrevesse de forma que o leitor sentisse repulsa por ela, ninguém ficaria até o final para ver sua transformação. Então, foi complicado e teve momentos que realmente pensei que não conseguiria. Porém, acredito que atingi a linha tênue entre ser verdadeira para a personagem e ao mesmo tempo criar uma conexão com o leitor. Se a pessoa que lê não se importa com o personagem, então a história não valerá a pena.




 Há uns meses você esteve participando de um evento para escritores na Europa, conta para gente como foi esse evento e o que você aprendeu com o mesmo? 


Em Abril/17 participei do meu primeiro retiro de escritores na Islândia. Aqui no Brasil não é muito comum, mas no exterior, especialmente EUA e Canadá, é normal participar de eventos assim. É uma forma de aprender um pouco mais sobre escrita criativa, conhecer novas pessoas e trocar experiências. A vida de um escritor pode ser muito solitária, então eventos como este ou grupos de escritas são uma excelente forma de manter você focado e interagindo com pessoas reais – Já que vivemos nos nossos mundos imaginários!


Não poderia ter escolhido melhor evento para participar! Conheci pessoas de todos os lugares do mundo, que escrevem todos os tipos de livros (Ficção, Não-ficção, poesia, etc) e aprendi com escritores profissionais em workshops sobre variados temas. Contei em detalhes tudo o que aprendi em cada palestra no meu site, só acessar www.chavesnicole.com e pesquisar porIceland Writers Retreat.


No geral, o retiro na Islândia me ensinou que este é o apenas o início de uma grande jornada de descobertas, experiências e criação como escritora. Participar desse evento me fez perceber que queria escrever meus livros em inglês e atingir um maior número de pessoas possível – O que não faltou foi gente decepcionada que meus livros lançados estavam apenas em português!


Com isso, comecei o meu planejamento para me tornar uma escritora internacional. Claro que poderia simplesmente traduzir os meus livros, porém quando se escreve no idioma é diferente. Você realmente expressa a cultura e as particularidades daquele idioma. Como muitas das minhas histórias já são internacionais, escrever inglês é algo essencial.



Atualmente você está na Inglaterra fazendo um intercâmbio, com os lugares visitados você já teve inspirações para escrever um novo livro|enredo?


Sim, estou fazendo o intercâmbio como parte do meu planejamento para ser uma escritora internacional. O primeiro passo, obviamente, é estudar inglês. Há uma grande diferença entre entender inglês e conseguir escrever em inglês. Acredito que ainda vou ter que estudar por um longo tempo para atingir ao nível que faço em português, porém isso tempo é algo sempre a favor do escritor.


Sim, estou aproveitando para fazer algo que amo que é viajar. E já tive várias ideias novas, mas nem sempre relacionadas com os lugares que visitei. Nunca me preocupei muito com o local onde se passa a história e sim com os personagens e enredos – Tanto que a cidade onde se passa boa parte da história de Notas de Violet é fictícia.


Mas estou anotando principalmente curiosidades e fatos históricos que estou aprendendo para um futuro utilizar em alguma das minhas histórias. Inglaterra é um país rico em termos históricos e adoro aprender todo dia algo novo sobre o passado deste povo. Quem sabe um dia não escrevo meu romance histórico?



Você pretende traduzir seus livros para o Inglês?


Sim, pretendo. Só não decidi ainda se vou contratar uma tradutora ou tentarei fazer sozinha. Adoraria ter a capacidade de fazer sozinha, mas acredito que posso acabar alterando alguma coisa da história ao invés de simplesmente traduzir. Porém, meu foco agora é finalizar os livros em português que já comecei e iniciar a escrita dos livros em inglês que tenho em mente. Acredito que a tradução será algo que ficará em segundo plano por enquanto, pois gosto mesmo de escrever coisas novas e não revisitar histórias já escritas.





AC LIMA
Blogueira & autora! 

Instagram: @aclima_literario

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